Por Marcelo Pereira
Meu caro gestor, você mesmo em seu valioso terno com gravata! Você sabia que aquele mendigo deitado no chão da rua é tão humano quanto você e têm exatamente os mesmos direitos básicos? Não sabia? Pois me sinto na honra de lhe mostrar tamanha e surpreendente novidade.
Meu caro gestor, você mesmo em seu valioso terno com gravata! Você sabia que aquele mendigo deitado no chão da rua é tão humano quanto você e têm exatamente os mesmos direitos básicos? Não sabia? Pois me sinto na honra de lhe mostrar tamanha e surpreendente novidade.
Muito se fala ultimamente em Responsabilidade Social. Mas observando com detalhe as iniciativas relacionadas e conhecendo a mentalidade conservadora do empresariado brasileiro, não dá para imaginar algo realmente altruístico e que gere benefícios a todos os seres humanos.
Pode parecer subjetivo dizer isso, mas é evidente que o empresariado nunca gostou de seres humanos. Pessoas só servem para satisfazer os interesses dos grandes gestores. Empresários "gostam tanto de seres humanos" que com o surgimento da primeira crise, a primeira atitude, na maioria dos casos, é demitir funcionários.
Para se ter uma ideia, até mesmo as relações pessoais dos empresários com família e amigos são condicionadas pela satisfação de interesses materiais e pessoais, salvo raríssimas exceções. Uma observação detalhada sobre a vida de boa parte dos grandes gestores me impede de mentir sobre isso.
Responsabilidade Social, como praticada atualmente, é forma de paternalismo
Para a maioria dos gestores, Responsabilidade Social está ligada a estereótipos de caridade (importados da caridade religiosa) e com ecologia e preocupação com saúde. É uma forma de paternalismo, tendo um tutor (líder) cuidando do "bem estar" de quem está "abaixo" dele.
Até certo ponto, A Responsabilidade Social, co jeito que está sendo posta em prática, é válida. Mas não deve ser muito revolucionária, pois é interessante para os gestores manter a divisão social em classes, mantendo ricos e pobres em seus devidos lugares, com os supérfluos dos primeiros impedindo os segundos de terem o mínimo necessário.
Quando eu ouço este papo de Responsabilidade Social das empresas, não consigo evitar o cheiro desagradável da hipocrisia e do Assistencialismo barato. Nem é preciso ser intelectual para perceber que esta iniciativa se limita a criar uma boa imagem ao sempre ganancioso empresariado e dar condições de manter trabalhadores (que executarão os serviços) e clientes (que pagarão por produtos e serviços) vivos para que a renda dos gestores possa continuar a aumentar em seu patrimônio pessoal.
Responsabilidade Social faria mais sentido se incluísse a diminuição do padrão de vida dos mais ricos, do pagamento justo de impostos (quem tem mais, paga mais), do fim da sociedade de classes (todos os seres humanos são iguais) e de salários maiores que consigam pagar todos os custos essenciais da vida de uma pessoa. Responsabilidade Social sem isso, é papagaiada, conversa mole e hipocrisia da mais descarada. Serve mais para canonizar gestores como "homens de bem".
Vamos lutar por uma Responsabilidade Social realmente social, convencendo lideranças que não dá para melhorar as vidas de todos preservando a ganância, a injustiça e os privilégios dos mais ricos.
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