Por Marcelo Pereira
A falácia conhecida como Meritocracia tem servido não só de justificativa malandra para tentar justificar as desigualdades sócio-econômicas como também de ilusão para que pequenos empreendedores sonhem um dia em virar gigantescos empresários a querer mandar em governantes.
A falácia conhecida como Meritocracia tem servido não só de justificativa malandra para tentar justificar as desigualdades sócio-econômicas como também de ilusão para que pequenos empreendedores sonhem um dia em virar gigantescos empresários a querer mandar em governantes.
Mesmo que seja possível um pequeno se tornar gigante, as chances deste fato acontecer são extremamente reduzidas. Creio em torno de 0,0000000000000000001% de chance. Quase nada.
Normalmente grandes empresários se tornam tais através de herança, fusões com outras empresas, rentismo e ações hipervalorizadas na bolsa de valores, ajuda dos governos e infelizmente, atos desonestos (como a corrupção). Trabalho duro dá dinheiro, mas em quantias moderadas. Ninguém fica rico só porque acordou cedo e cumpriu com eficiência uma rotina de trabalho.
É uma ignorância de muitos micros, pequenos e médios empresários de pensarem como magnatas, aderindo as tolices defendidas pelos ideais de direita (avessos ao progresso). Administração não é um privilégio e sim uma missão. É um erro achar que ser gestor é um caminho fácil para o enriquecimento ganancioso. Ser líder não deveria ser sinônimo de ser melhor que os outros.
Pequenos que sonham em ser grandes
Pessoalmente tive contato com alguns pequenos empresários e fiquei horrorizado com o modo de pensar deles. Pensavam como grandes empresários, com aquela clássica intolerância contra os mais pobres. Curioso que vários deles eram ex-pobres e tem pessoas pobres em sua clientela. Acham que em um futuro não distante, suas pequenas mercearias se tornarão gigantescas como o Wal Mart, dependendo apenas de acordar cedo e arregaçar as mangas. Puro delírio.
O que separa os grandes e gigantescos empresários do resto - sim, do resto, no sentido pejorativo mesmo, pois no Capitalismo selvagem os grandes esnobam os pequenos - é muita coisa. Acho que os micros, pequenos e médios nem deveriam se considerar empresários, arrumando outros nomes para se auto-definir.
Micros, pequenos e médios gestores deveriam se definir como administradores de empresas, pois agem como tais e realmente trabalham duro para enter suas empresas. Empresários que não são grades agem como trabalhadores e não possuem os privilégios de mandar em gestões políticas, sofrendo as limitações econômicas com tanta ou mais dificuldades que o mais raso dos funcionários.
Pequenos gestores trabalham. Grandes apenas dão ordens
Os grandes e gigantes não sabem o que é dificuldade. Muitos empresários de gigantesco porte nem administram: tem tanto dinheiro que pagam outros para administrar, ficando apenas com o seu nome registrado como proprietário da empresa. Se limitam a distribuir ordens e ficar de longe em suas mansões caras observando o funcionamento de suas empresas e o lucro que entra em suas contas pessoais.
Misturar patrimônio pessoal (CPF) do patrimônio da empresa (CNPJ) é algo que nunca deveria acontecer. Esta confusão é uma das principais coisas que caracteriza a ganância empresarial dos maiores empresários. Não raramente a maior parte dos lucros vai para as contas do empresário e não da empresa. É comum vermos empresários muito bem de vida administrando empresas em crise, que operam com poucos recursos financeiros.
O que não acontece com micros, pequenos e médios gestores que tem absoluta noção da responsabilidade financeira de suas gestões. Calculam cada centavo que entra e sai de suas empresas e - tirando os sonhadores mais gananciosos, que existem - controlam as suas atividades empresariais sem que o desejo de acumular bens e privilégios prejudique as atividades das empresas.
Empresários não-grandes deveriam ter uma mentalidade progressista, pois são também trabalhadores. Gestores de micro, pequeno e médio porte não são melhores do que quaisquer funcionários. O trabalho de administrar aquela loja da esquina é duro, nada fácil e constantemente arriscado. Um empresário de pequeno porte querer pensar como um grande é ser bastante ingênuo, na raramente um otário. O grande nunca vai querer se igualar ao pequeno.
Vai que um dia uma empresa gigantesca compre a sua lojinha e você, que pensava ser um empresário com possibilidades de crescimento acelerado e que usou a sua condição para obter prestígio social, vai se tornar um reles empregado da empresa gigante, tendo que viver de maneira análoga a qualquer servente da empresa, eliminando o seu sonho infantil de querer olhar o mundo do alto.
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