Crença na equiparação de grandes e pequenos faz população ter piedade de grandes gestores, criando um pensamento conservador
Por Marcelo Pereira
Para a população, os grandes empresários são iguais aos pequenos. Porque os pequenos é que fazem parte da realidade da população. Os pequenos sofrem para manter seus negócios e costumam ser honestos, trabalhadores e não raramente altruístas. Os gestores de micro, pequeno e médio porte são realmente onde se pode ver exemplos de boa e excelente gestão.
Para a população, os grandes empresários são iguais aos pequenos. Porque os pequenos é que fazem parte da realidade da população. Os pequenos sofrem para manter seus negócios e costumam ser honestos, trabalhadores e não raramente altruístas. Os gestores de micro, pequeno e médio porte são realmente onde se pode ver exemplos de boa e excelente gestão.
Como falei acima, é o que a população consegue ver. A noção de empresariado da população mais leiga é o que ela conhece pessoalmente. Portanto, para a população em geral, empresários são trabalhadores, honestos, humildes e altruístas. E é desta forma que imaginam ser também os grandes.
As pessoas comuns não sabem como funciona o grande empresariado porque não tem acesso aos seus bastidores. Se baseiam no que conhecem, o que faz com que consigam enxergar no poderoso empresário aquele humilde quitandeiro da esquina. Mas um quitandeiro em proporções colossais. Se acham que o quitandeiro sofre, acreditam que o poderoso empresário sofra ainda mais. O que gera um sentimento de piedade em relação ao grande empresário e a defesa do direito deste de ser ganancioso. Afinal, se "sofre" mais, merece ganhar mais.
Para os mais leigos, o mesmo sofrimento do pequeno gestor é multiplicado e multi-dimensionado para o grande gestor. O grande empresário é visto como uma pessoa que tem que controlar uma estrutura colossal que possui muito mais problemas e recursos para serem observador.
Ignoram os leigos que grandes empresários - isso os mais honestos e trabalhadores - não administram sozinhos, geralmente tendo sócios ou fazendo parte de uma junta ou ainda contratando outros gestores para controlar o colossal negócio. E os gestores mais malandros (algo bem comum, infelizmente) normalmente nem administram, pois pagam outros para administrar e se limitam a fiscalizar e dar ordens, geralmente com o celular usado dentro de suas caríssimas mansões.
Mas a crença em super-gestores heroicos faz com que nasça na população uma certa solidariedade com o grande empresariado que se converte num conservadorismo alienado e na surreal defesa da ganância (mas sem utilizar essa palavra), acreditando que o poderoso gestor tem direito de ganhar muito mais que os outros porque, na ilusão dos leigos admiradores, sofre muito mais.
Isso facilita o pensamento conservador e a defesa de um sistema injusto com renda e direitos mal distribuídos, além da ilusão de crescimento relativamente fácil dos menos favorecidos. Um pensamento que faria sentido nos primórdios da Revolução Industrial mas que hoje soam um tanto cruéis e completamente incompatíveis com os tempos modernos que exigem maior altruísmo e cooperação.
O golpe político que houve no Brasil em 2016 e a polarização gerada por ele faz com que muita gente tenha uma visão torta da realidade, elegendo como "tutores" justamente aqueles que são mais gananciosos. Pois mal sabem eles que a ganância é a finalidade e o arrivismo é a regra, para os grandes gestores, muito mais interessados em acumular bens e poder.
Ilusão achar que no topo da pirâmide residam pessoas tão batalhadoras, humildes e generosas como o quitandeiro da esquina. É aceitar cegamente toda a injustiça que se prepara para destruir a economia de nosso país e o cotidiano de nossa população. Incluindo aquele quitandeiro que sofre tanto quanto o mais raso funcionário a ser esmagado pela ganância dos maiores gestores instalados no país.
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