Por Marcelo Pereira
Quem é sensato sabe que um governo se instalou de forma bem desonesta. Sabe também que os verdadeiros motivos estão ligados a ganância capitalista que ainda habita as mentes de boa parte do empresariado brasileiro, ainda bastante ignorante em questões humanas e sociais.
Quem é sensato sabe que um governo se instalou de forma bem desonesta. Sabe também que os verdadeiros motivos estão ligados a ganância capitalista que ainda habita as mentes de boa parte do empresariado brasileiro, ainda bastante ignorante em questões humanas e sociais.
Que este empresariado, junto com os estrangeiros instalados aqui, patrocinaram a saída de Dilma Rousseff, que estava atrapalhando os planos de expansão capitalista feitos para manter o Brasil o sub-desenvolvimento, para que não prejudiquem os interesses das tradicionais grandes potências mundiais.
Diante desta triste realidade que nada tem a ver com Administração e com democracia, com Temer devidamente instalado na cadeira que não lhe pertence, agora é a hora de retribuir os favores. O empresariado patrocinador do "impeachment" se reúne para cobrar de Temer as mudanças que irão favorecer o patronato e prejudicar o trabalhador, este que tradicionalmente é visto pelas gestões como mero "equipamento" de trabalho.
Isso é revoltante para quem tem o mínimo de senso de humanidade. Apesar do Ministro do Trabalho ter afirmado que "trabalhadores não perderão direitos", isso é uma falácia, pois quem conhece o projeto "Ponte para o Futuro", que reúne ideias de Temer, Cunha, Aécio e sugestões dadas por setores mais conservadores da sociedade, sabe que infelizmente a meta é prejudicar trabalhadores para beneficiar empresas, seus donos e o sistema econômico como um todo.
É tentar fazer aqui o que se faz em alguns países orientais, onde há uma precarização das relações de trabalho e em alguns existe até a legalização da escravidão. Como nossa sociedade é tradicionalmente escravocrata, segundo o que garante historiadores sérios após pesquisas detalhadas, o risco da volta da escravidão é muito grande.
Um empresário, que não terá o seu nome e nem o de sua famosa empresa revelados, já se manifestou empolgado com a volta da escravidão (cuja palavra ele evita mencionar, para não prejudicar a sua imagem de "empreendedor"), já que irá diminuir drasticamente os custos. Um conhecido meu já passou pela experiência de trabalhar de graça para uma editora de porte médio, sob desculpa alegada pelos patrões de "dificuldades financeiras". Ele luta até hoje pelos seus direitos, mas com a mudança proposta pela equipe de Temer, a sua causa estará perdida. Até hoje ele se encontra em dificuldades financeiras, fazendo bicos para sobreviver e manter sua família, além de estudar para concursos.
Com essa mudança, o Brasil vai na contramão dos países mais evoluídos, como os da Escandinávia e alguns europeus. Os defensores dessa ideia utilizam a França, que acaba de decretar mudanças trabalhistas desagradáveis, como argumento. Mas conversando com especialistas, o que acontece lá não é a regra e é apenas para casos excepcionais, embora ainda nocivas a população. E sinceramente, nossas leis não deveriam depender do que acontece outros países pois nós temos a nossa própria realidade. É ela que deve ser observada.
Voltaremos em um estágio onde estávamos na República Velha. Sem querer fazer suposição, parece que a ideia é se vingar de todos os presidentes trabalhistas de uma só vez, devolvendo as leis trabalhistas para uma condição anterior a CLT. A equipe de Temer fala em "modernização das leis trabalhistas". Mas estudiosos das leis do trabalho garantem que, pelas suas características, retomamos leis, condições e valores que eram vigentes antes da CLT ser sequer pensada, em um passado bem remoto.
Entraremos em um gigantesco retrocesso que prejudicará muita gente e do contrário que se pensa, poderá prejudicar a economia e aprisionar o país no sub-desenvolvimento. Muitas regras da nova Administração defendem e exigem o contrario do que Temer pretende fazer. Cada vez mais é aceita entre os estudiosos da Administração a ideia de que o trabalhador precisa ser cada vez mais valorizado e respeitado em seus direitos. Trabalhador feliz produz mais e melhor. Temer e sua equipe se esquecem disto com frequência.
Como a prudência não é uma qualidade típica de brasileiros, temos o triste hábito de só aprendermos após as consequências. Só vamos perceber que erramos quando os erros se mostrarem em seus resultados. Só quando for muito tarde, o governo Temer perceberá a grande burrada cometida que, ao invés de aumentar lucros e fazer a economia alavancar, vai fazer justamente o oposto, criando novas dividas econômicas e sociais que no futuro serão bem difíceis de serem sanadas.
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