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Reforma Trabalhista, Crise de 2008 e Pejotização

Por Marcelo Pereira

A Reforma Trabalhista aprovada no governo golpista de Michel Temer, para quem leu todos os pontos detalhadamente e conhece como funciona as mentes dos maiores empresários do país, sabe que a mesma eliminará a dignidade do mercado de trabalho brasileiro a partir de agora. 

Na melhor das hipóteses, entraremos numa espécie de sistema de bicos, onde o emprego de carreira se torna um privilégio de poucos enquanto a maioria terá que se virar com formas precárias de empregos instáveis, sem o direito de administrar os gastos com salários, já que estes se tornam uma incerteza sem garantias, podendo ser cancelados sem aviso tendo a alegada crise como justificativa.

Temer foi um instrumento utilizado pelo "Deus-mercado" para realizar um golpe que servisse para preservar a ganância dos empresários, preocupados com os danos causados com a crise mundial de 2008. Em 1929, uma crise semelhante fez surgir o Nazismo na Alemanha, com medidas danosas aos cidadãos alemães, sobretudo os que pertenciam a etnias e grupos culturais diversos da chamada "raça ariana", os brancos de classes econômicas superiores de então.

Crises beneficiam Grandes Capitalistas

Crises são ótimas para Grandes Capitalistas, do contrário do que todos pensam. Este negócio e que crises prejudicam a todos é uma lenda defendida por aqueles que desconhecem como funciona a economia e a política no mundo. Grandes Capitalistas tem renda, bens e poder suficientes para extrair algum benefício de crises, que ainda servem como justificativa para aumentar ainda mais medidas sádicas que protegerão e aumentarão o seu poder e a sua ganância.

E esta crise tem servido como argumento para aprovar as tais reformas no emprego. Uma reforma que veio não para melhorar, mas para piorar. Embora a mídia cúmplice dos Grandes Capitalistas tenha lançado mão de mentiras para mostrar as reformas como vantajosas para o trabalhador, o fato é que as mesmas surgem para eliminar os limites dos abusos de patrões e empresários, transformando o trabalhador num mero equipamento, como se ele não fosse um ser humano dotado de necessidades.

Empresários não estão dispostos a reduzir seu padrão alto de vida e por isso transferem para os empregados a responsabilidade de arcar com a crise de 2008. Este é o verdadeiro motivo do surgimento das reformas trabalhistas, que nada tem de modernização. 

Modernizar significa oferecer algo melhor que a CLT. Mas quem leu com detalhes os pontos da reforma aprovada, a ser posta em prática em novembro próximo, sabe muito bem que é um retrocesso, uma volta em essência, ao que havia antes da CLT. É a precarização do trabalho, que elimina a dignidade do trabalho, transformando o ganho do trabalhador em uma incerteza, impedindo-o de fazer planos e aumentar a inadimplência em pagamentos a prestação.

Trabalhadores vinculados à empresas-fantasmas

O papo de que vai transformar todo mundo em empreendedor é uma falácia. O que vai acontecer é que os trabalhadores estarão vinculados a empresas-fantasmas (pejotização, de "Pessoa Jurídica") que se tornarão as únicas responsáveis para garantir os direitos desses "empreendedores" de fachada, que trabalharão feito peões a outros patrões que não terão responsabilidade com seus empegados, meros prestadores de serviços.

Parece lindo falar que "todos vão virar empreendedores", mas na verdade isso esconde um lado bem cruel, que deveria abir os olhos da população e estimulá-las a lutar com todas as forças e de forma insistente pela sua revogação. A Reforma Trabalhista só beneficia os patrões, que agora perdem obstáculos que os impediam de cometer os seus abusos.

Mas é sabido que as reformas podem ser um tiro no pé dos empresários brasileiros, famosos por terem um certo nível de ignorância e de rejeitarem lucros a longo prazo. Empresários vão perder clientes pois o salário, sendo uma incerteza, pode não vir e impedir pessoas de pagarem por bens e serviços. 

A Economia e a Administração modernas exigem maior altruísmo, baseado na consciência de que algo que beneficia todos, ou o maior número de pessoas, é benéfico para toda a economia, garantindo lucros e salários a todos e fazendo empresas crescerem. A evolução dessas das ciências sempre pendeu para o altruísmo e preservar a ganância de poucos rentistas é uma medida suicida. 

A Reforma Trabalhista de 2016 é a pior forma de resolver a crise de 2008, com medidas comprovadamente fracassadas que levaram nações a falência. Será agora a vez do Brasil, que aos poucos se precarizará a níveis dos mais miseráveis países do continente africano. Resta esperar economistas e administradores sérios reverter o quadro a um futuro mais ou menos próximo, após ver os sérios danos que estas reformas trarão à economia, e que nada tem a ver com empreendedorismo.

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