Por Marcelo Pereira
As eleições municipais terminaram em boa parte das cidades e em outras irá para o segundo turno. O resultado em geral é a vitória da direita, o que pode ser diagnosticado como um retrocesso, pois o ideal é que depois de uma esquerda ruim, houvesse uma luta por uma esquerda melhor, pois cedo ou tarde se comprovará o fracasso do Capitalismo, sistema muito mais interessado em cuidar da saúde econômica do que melhorar a vida de pessoas.
As eleições municipais terminaram em boa parte das cidades e em outras irá para o segundo turno. O resultado em geral é a vitória da direita, o que pode ser diagnosticado como um retrocesso, pois o ideal é que depois de uma esquerda ruim, houvesse uma luta por uma esquerda melhor, pois cedo ou tarde se comprovará o fracasso do Capitalismo, sistema muito mais interessado em cuidar da saúde econômica do que melhorar a vida de pessoas.
A guinada retroativa para a direita segue a tradição brasileira de tentar resolver novos problemas com soluções antigas. Temos o cacoete de "viajar" para o passado quando tentamos resolver o que está de errado em nosso cotidiano. Apesar do mito dizer o contrário, brasileiros não são um povo criativo e a submissão a mídia, a lideranças e às instituições faz com que a população aja desta maneira.
Na política, resolveram trocar a esquerda pelas representações de direita. Na prática isso significa voltar ao estágio anterior aos governos petistas. E colocar de volta os mesmos agentes políticos que governaram o país durante anos.
Mas pelo que se observa, o retrocesso pode ser ainda maior pois em alguns aspectos voltamos a 1974, em outros, para a República Velha e de acordo com algumas sugestões conservadoras, ao Brasil Colonial. Ou seja, muita gente ingênua preferindo abrir mão da modernidade para satisfazer interesses particulares.
A vitória de João Dória Jr.
É neste cenário que se encontra o candidato vencedor da eleição paulistana, o empresário e apresentador de televisão João Dória Jr.. O fato de não ser um político experiente - o debate entre os candidatos provou seu completo desconhecimento da vida política - o favoreceu, pois os eleitores ingenuamente acharam que São Paulo, a maior cidade e capital econômica do país, poderia ser governada por um não-político, no caso um empresário.
Isso tem muito a ver com a confiança que os brasileiros depositam no empresariado. Tidos como um "clero moderno", vários estereótipos servem para blindar o empresariado, tido como incorruptível, infalível e extremamente sábio. Para grande maioria das pessoas, principalmente para as mais conservadoras, empresários estão acima da humanidade e como divindades materializadas, estão autorizadas a fazer de gato e sapato qual quer que esteja sob sua tutela.
Mas há quem tenha votado no João Dória por brincadeira, como se ele fosse o "Cacareco" da vez. Possivelmente foram poucos que pensaram assim, mas é bom lembrar que Dória é bem conhecido por sua atividade de apresentador, por ter liderado uma gincana televisiva e por ter apresentado um programa de entrevistas noturno. O lado celebridade do empresário ajudou bastante na vitória do representante tucano, apadrinhado pelo governador paulista Geraldo Alckmin.
Gestão de empresas não substitui gestão política
Mas se esquecem todos que existem vários tipos de gestão. Nunca se deve administrar uma cidade como se fosse uma empresa. Mesmo que haja na gestão empresarial aspectos que podem ser úteis à administração de uma cidade, eles devem se adaptados e complementados por outras medidas que sejam mais adequadas à gestão de um município.
É aí que o experiente empresário João Dória Jr. dará lugar ao inexperiente político Joao Dória Jr. Com a mais absoluta das certezas, ele contará com o auxílio técnico de Geraldo Alckmin, que oferecerá equipe e pode também orientar pessoalmente Dória ao que deve ser feito na maior cidade do país.
Será uma tarefa difícil, digamos Hercúlea, pois São Paulo não é qualquer cidade. Os problemas da capital paulista são os problemas de qualquer cidade multiplicados por 1.000.000. O ideal era que somente prefeitos experientes governassem a capital paulista.
Haddad havia feito um bom governo. Mas o fato dele ser petista pesou muito para a sua rejeição. O partido trabalhista (como outros na História do Brasil) foi retirado de cena na marra pelas forças capitalistas cansadas de perder eleições e com a ajuda da mídia, que inventou boatos que acabaram demonizando o partido.
O povo, ignorante em política e perdido na hora de escolher seus "tutores", achou mais seguro pegar os que estavam antes e colocar de volta, resultando na onda conservadora que assistimos perplexos a crescer diante de nossas vistas. Esqueçam a modernização do Brasil. Ela foi adiada. A vitória de João Dória Jr. é só um aperitivo para o banquete amargo que vem por aí. Quem viver, verá.
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