Pular para o conteúdo principal

No Capitalismo, a ganância é um direito a ser respeitado

O Capitalismo é o sistema do egoísmo, da individualidade, da ganância. A luta pela sobrevivência é tratada como se fosse uma competição esportiva (o que justifica a superestimação do esporte na cultura ocidental) e os ricos tratados como "vencedores" deste "competição". Isso explica o porque daquilo que o bom senso define como ganância seja considerado um direito básico a ser respeitado.

Ter mais do que os outros não é considerado um erro se você pensa desta forma. Você , meu caro ricaço, não é o infeliz que tirou dinheiro, direitos e oportunidades de outras pessoas. Nada disso. Você é o pobre coitado que "batalhou um pouco mais" e por isso ganhou o "direito" de ter mais do que os outros.

Mesmo que seja claro que o Capitalismo é um jogo em que os vencedores fazem as regras - outro "direito" a ser adquirido por quem vence a "competição" - chegando a manipular as leis para que os ricos sejam favorecidos de forma bem facilitada, preferimos acreditar que quem enriquece é quem batalhou bastante, oferecendo uma falsa esperança aos verdadeiros pobres coitados que lutam em troca de muito pouco.

Os mais pobres, ingenuamente, batalham na sua luta cotidiana enxergando este futuro supostamente provável, mas que a cada mês de trabalho se torna distanciado, impossível de se realizar. Mesmo assim, há uma falsa identificação com os mais ricos, tratados como pessoas bondosas e justas (mas que ostentam um estilo de vida irreal de tão pomposo), respeitados por se tratar de alguém que "chegou lá".

Este pensamento é possível porque as verdadeiras engrenagens que fazem o Capitalismo girar e favorecer um punhado de felizardos estão nos bastidores, dentro de salas sem paredes e trancadas a sete chaves. Ninguém sabe o que acontece de fato nos bastidores para o sistema ser tão injusto, até porque os meios de comunicação, porta-vozes do Capitalismo, tentam enxergar algo bom nesta injustiça.

Por isso muita gente não estranha porque certas pessoas têm mais do que as outras, ainda mais em um país miserável com inúmeros problemas nunca solucionados (por falta de interesse em solucionar, cá para nós). Os ricos são apenas os vencedores da luta cotidiana e se fizermos direitinho tudo que os patrões mandarem, também seremos tão ricos quando o mais afortunado magnata.

Essa ilusão é reforçada pelo esporte, que nos dá a aura positiva à competitividade. Não por acaso, empresas que vivem negando salários justos aos seus próprios funcionários, não medem valores na hora de investir em atletas e competições esportivas. É preciso criar uma ideia positiva para a competitividade e usar isso para inventar que o Capitalismo é justo.

Se já não bastasse terem mais do que os outros, os mais ricos se sentem na tranquilidade de verem seus interesses gananciosos serem protegidos, graças a esta propaganda positiva que os transforma em "pobres que deram certo". A meritocracia vê justiça na injustiça e tira o remorso dos gananciosos, que enxergam com justiça o fato de que seus supérfluos impedem os outros de terem o necessário.

Infelizmente, o sistema capitalista consagrou esta ideia e continuará insistindo nela por prazo indeterminado. Até que um dia as pessoas desenvolvam seu intelecto a perceber que estamos sendo enganados e que é impossível galgar altas posições somente batalhando por uns trocados no cotidiano profissional. 

É, na verdade, tudo para preservar a ganância de quem já estava lá no topo, chegando lá de forma facilitada. Gente que já encontrou o caminho aberto para vencer facilmente, manipulando as regras do jogo para favorecer a sua própria vitória e a derrota dos outros "competidores".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os desafios de uma Administração progressista e humanitária

Por Marcelo Pereira Hoje, a Administração necessita urgentemente de uma novíssima fase. Mesmo com as mudanças feitas, a teoria e a prática da Administração ainda tem velhos estereótipos em sua base. Essencialmente mudou muito pouco. A Administração ainda está muito vinculada ao Capitalismo e ao ganancioso desejo pelo lucro.  Os novos teóricos que se manifestam falam em humanismo, que pessoas são o principal ativo das empresas e bla-bla-bla, mas se vê que na prática a coisa é bem diferente. As faculdades de Administração, ao invés de serem polos de formação de gestores, acabam sendo uma fábrica de a aspirantes a magnatas egoístas, gananciosos e preconceituosos. Confundem arrivismo com ambição. É preciso parar com esta mentalidade infelizmente arraigada à ideia de Administração. O Capitalismo está velho e acabado. Tenta melhorar a sua aparência, modernizar a sua capacidade de sedução, mas não consegue enxergar que a realidade atual exige pessoas realmente altruístas (sem a h

Crise escancara fracasso do Neoliberalismo, forma parasitária do Capitalismo

Por Marcelo Pereira O Brasil está vivendo um triste momento histórico nos últimos dias, que certamente iniciará algum tipo de ruptura, ainda não se sabe de que lado for. Pois o caos instalado pode criar uma ruptura que favoreça a população ou uma ruptura que preserve os interesses dos capitalistas que parasitam toda a economia para que tudo aconteça a favorecer a sua faminta ganância. Economistas sérios - não confunda com banqueiros disfarçados de economistas ou com economistas pagos pela grande mídia a discutir o sexo dos anjos - garantem que o Neoliberalismo está com os dias contados. O contexto do século XXI não comporta uma ideologia baseada na ganância e no lucro imediato. O Neoliberalismo deve ser extinto para que a economia encontre seu rumo e possa beneficiar o maior número de pessoas e não uma meia dúzia de magnatas. A crise de 2008 foi bem sintomática e serve como uma prova real de que o Neoliberalismo é um sistema não apenas obsoleto como nocivo a humanidade. É

Reforma Trabalhista, Crise de 2008 e Pejotização

Por Marcelo Pereira A Reforma Trabalhista aprovada no governo golpista de Michel Temer, para quem leu todos os pontos detalhadamente e conhece como funciona as mentes dos maiores empresários do país, sabe que a mesma eliminará a dignidade do mercado de trabalho brasileiro a partir de agora.  Na melhor das hipóteses, entraremos numa espécie de sistema de bicos, onde o emprego de carreira se torna um privilégio de poucos enquanto a maioria terá que se virar com formas precárias de empregos instáveis, sem o direito de administrar os gastos com salários, já que estes se tornam uma incerteza sem garantias, podendo ser cancelados sem aviso tendo a alegada crise como justificativa. Temer foi um instrumento utilizado pelo "Deus-mercado" para realizar um golpe que servisse para preservar a ganância dos empresários, preocupados com os danos causados com a crise mundial de 2008. Em 1929, uma crise semelhante fez surgir o Nazismo na Alemanha, com medidas danosas aos cidadãos