Por Marcelo Pereira
Infelizmente se admitiu tardiamente que o golpe não foi para combater a corrupção. Isso foi papo para angariar apoio popular ao golpe. Na verdade, o golpe foi imposto para salvar os interesses de magnatas brasileiros e estrangeiros, além de satisfazer a elite e a classe média brasileiras em relação as suas convicções e expectativas.
Infelizmente se admitiu tardiamente que o golpe não foi para combater a corrupção. Isso foi papo para angariar apoio popular ao golpe. Na verdade, o golpe foi imposto para salvar os interesses de magnatas brasileiros e estrangeiros, além de satisfazer a elite e a classe média brasileiras em relação as suas convicções e expectativas.
Várias medidas estão sendo impostas à população para proteger os interesses da chamada "Casa Grande", que curiosamente é composta majoritariamente por corruptos. Para salvar a ganância dos capitalistas, optou-se por sacrificar a população , pois é muito mais fácil degolar o fraco para se salvar qualquer sistema.
Entre as medidas amargas que farão a população - e não os capitalistas - sofrerem estão a PEC que limita gastos, a reforma da previdência e a aberração que os golpistas chamam de "modernização" das relações trabalhistas. Entende-se como "modernização" o retorno às condições trabalhistas que existiam antes da criação da CLT em um dos governos de Getúlio Vargas.
"Modernização" nada moderna
Não vou detalhar aqui sobre as características da tal "modernização" porque não tive a oportunidade de ler a proposta detalhadamente. Mas sei que as pessoas vão trabalhar mais e ganhar menos. Uma medida irracional que pode afundar a economia do contrário que pensam os seus idealizadores.
Para começar, a ideia de colocar o negociado acima da lei, apesar de boa, ignora o fato de que ela só funcionaria se todos, ou pelo menos a maioria dos patrões fosse altruísta. Não é. O "negociado" na verdade se traduz por "ou aceita a proposta do patrão ou o olho da rua é a serventia da casa". A CLT, mesmo antiga e imperfeita, pelo menos servia como freio para a ganância de empresários e patrões.
O aumento da carga horária do trabalho é mau negócio, pois priva o trabalhador de seu tempo livre, não somente para lazer mas para trabalhar por conta própria (trabalho não é sinônimo de emprego - arrumar a casa, lavar o carro são exemplos de trabalhos feitos pelo cidadão em seu tempo livre). O ideal seria que o trabalhador estivesse no emprego no máximo durante 6 horas. Nada mais, nada menos.
Ah, lembrando que se considerarmos o deslocamento casa-trabalho-casa como parte da carga horária, o tempo aumenta drasticamente, pois sabemos que prefeitos estão pouco ou nada interessados em combater os engarrafamentos e melhorar a mobilidade urbana, se limitando a medidas pomposas como o ultra-festejado BRT, que é eficaz, mas pouco eficiente.
Redução da produtividade
A "modernização" das relações trabalhistas vai contra a ideia realmente moderna de que trabalhador feliz produz mais. O que Temer e a bancada que o apoia quer é deixar o trabalhador mais infeliz e cansado. A médio prazo as consequências da infeliz decisão começarão a aparecer, com redução na produção, gerada por diversos motivos como stress, doenças e até demissões, pois muitos trabalhadores pedirão demissão diante de condições tão desumanas de trabalho.
Isso sem falar na redução de salário que piorará a qualidade de vida para o trabalhador deixando-o ainda mais estressado e doente, piorando ainda mais a qualidade do serviço e o seu nível de produtividade.
A reforma trabalhista foi a pior ideia que o governo golpista de Michel Temer, com o apoio dos sempre gananciosos tucanos do PSDB, teve. O Brasil, que retoma a sua "vocação" de colônia de exploração, além de não se desenvolver, vai afundar cada vez mais, pois a modernização de fato é o que menos interessa para as mentes direitistas, interessados em uma volta ao passado e cujo senso de moralidade é o de 2000 anos atrás.
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