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A decadência de "João Dólar", o "João Trabalhador"

Por Marcelo Pereira

Dizem que mentira tem pernas curtas. Pode até ser que as pernas sejam mais longas do que se pensa, mas elas nunca crescem. Chega um momento que os fatos, com ajuda da lógica e do bom senso, acabam por derrubar qualquer mentira, desmascarando quem se beneficiar em enganar os outros.

João Dória, eleito em 2016 como prefeito da maior cidade do país, São Paulo - em si uma função de gigantesca responsabilidade e complexividade - tem se mostrado uma farsa, não apenas como prefeito, mas também como o gestor. Quem se lembra das campanhas dele, sabe que ele vendeu a imagem do "gestor", como se governar a maior cidade do país fosse tão fácil como administrar uma pequena quitanda de subúrbio.

O próprio João Dória, como gestor, é uma farsa. Na verdade, Dória é publicitário e seu verdadeiro dom está relacionado a esta função. E publicidade é o que ele tem feito quando começou a sentar na cadeira de prefeito e nada além disso. A alegada capacidade de gestor até agora não apareceu desde que ele foi eleito.

A experiência de "gestor" de Dória, pelo que se sabe, é através da Lide, que na verdade não passa de um mero clube de magnatas brasileiros. É uma empresa que não produz nada, servindo apenas de ponto de encontro - uma espécie de rede social no mundo real - onde se realizam eventos e palestras feitos e assistidos pelos maiores magnatas do Brasil e alguns do exterior.

Publicitário metido a gestor

Como eu falei, o verdadeiro negócio de Dória é a publicidade. Além da Lide, ele é conhecido por apresentar um programa nas madrugadas onde conversa trivialidades com magnatas, como uma extensão do que já faz na Lide. 

Por causa disso, foi convidado a apresentar o reality show O Aprendiz, apresentado no exterior pelo atual presidente dos EUA, o controverso Donald Trump, o que enche João Dória de comparações. Dória chegou a ser presidente da Embratur em uma gestão passada, numa experiência cheia de polêmicas.

Segundos os habitantes de São Paulo, a cidade está abandonada. Dória só sabe viajar, principalmente para fazer a campanha para presidente nas próximas eleições. O que se mostra uma atitude inútil, pois partidos já começam a descartar Dória para 2018 devido a sua atitude de abandonar a cidade. Dória argumenta que administra São Paulo à distância. Mas isso não te convencido quem conhece a complexividade de São Paulo, que exige a presença e a dedicação total de um prefeito.

Uma coisa importante a dizer para quem acredita neste mito de "gestor": administrar uma cidade é muito diferente de administrar uma empresa, independente do nível de complexividade. São realidades muito diferentes que exigem diferentes tipos de administração. 

Se já é complicado para um excelente administrador de uma complexa corporação empresarial governar uma cidade de tamanho médio, imagine para um medíocre gestor de um clubinho de magnatas ter que governar a maior cidade de um país.

Acho que esta desastrada experiência de "João Trabalhador" não deverá ser repetida. Por isso que até partidos conservadores não querem mais saber de um candidato que não possui algo positivo para comprovar a sua competência. Ou você aceitaria como presidente da República alguém que praticamente abandonou a maior e mais complexa cidade do Brasil?

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